sábado, 2 de junho de 2007

"Blame Beckett", Prémio FATAL 2007 - Melhor Espectáculo

Parece que ganhámos. Falo em nome do grupo, claro.
Mas apesar de se tratar de uma criação colectiva há um elemento que é mais responsável por esta distinção. O mesmo que sempre desvalorizou a selecção para o festival, o frenesim que o envolve e o prémio que nos foi atribuído, resumindo-se a um "é sempre bom receber elogios", só arrancado no final já com o troféu na mão (ou uma parte dele, que a outra soltou-se). O mesmo que decidiu trabalhar Beckett, o mesmo que o encenou. Escrever estas palavras de apreço e admiração pelo seu trabalho é algo que eu preciso, e que ele dispensa. Intriga-me a relação que mantém com o seu trabalho, com o produto da sua criação, colectiva por princípio e rigorosamente dirigida. Sim, rigorosamente, porque "sem rigor não se vai a lado nenhum".
Esta minha admiração tem um fundo que diz "eu quero ser assim". Não o acho de todo impossível, é um método de trabalho e não um dom, que em si me parece de fácil compreensão, sem grandes segredos. Envolve muita objectividade (rigor, lá está), pode não saber qual o resultado final nem o caminho para lá chegar mas sabe muito bem o que procura, ou acaba por encontrá-lo. Talvez seja perseverança, ao melhor.
O que me intriga é o papel que a modéstia, falsa ou genuína, presunçosa ou estratégica, um pouco de todas, desempenha neste processo. Intriga-me porque é marcante, cativa, seduz. E no final, acredito que também dá prémios...

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