sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Kafka vs. Dostoiésvki

Não quero fazer disto um daqueles confrontos do Krash do Kulto, a opor o Cristiano Ronaldo ao Lucky Luke ou o Tio Patinhas ao Mr. Burns. Aliás, já nem tenho idade para saber estas coisas, nem filhos ou coisa parecida que vibrem com isso. Posso garantir, no entanto, a todos os que ficaram curiosos, que o Kafka ganharia ao Dostoiésvki, por ter mais um 'K' no nome, e o júri do Kulto gosta muito disso. Já com o Lucky Luke...não sei.

A comparação entre estes dois gajos, o Kafka e o Dostoiévski, surgiu hoje numa conversa entre amigos. Nada de grandes conclusões, não se espere. Na verdade somos todos um bocado "pseudos", eu e os que estavam comigo.

Por isso as nossas conclusões só podiam sair em formato digest, reader's digest. Aqui vai:

Kafka - Esquece. Não vale a pena tentar. Este é o único caminho, não existe nada para além do que vês. Habituas-te ou morres...ou mato-te.

Dostoiévski - Ai, a minha vida. Podia ser tão melhor. Podia fazer e ser tanta coisa outra do que sou. Há tanto mundo lá fora. Tanto, que fico cansado só de imaginar...bom, vou dormir.

Espero com isto ter elucidado as crianças com menos de 12 anos sobre as diferentes perspectivas destes autores no que diz respeito ao drama humano.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Stopping while moving

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

2008

Mais um ano em que o mundo não acabou.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Estudar hoje

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

World Wide Branding

E enquanto bradava aos céus por uma Coca-Cola que lhe calasse a dor da alma, ouve ao fundo uma voz seca, cortante, inequívoca embora deixasse entrever um leve travo a renúncia, "Pepsi, pode ser?"

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

You say that everything sounds the same, Then you go buy them!*

Obrigado Martinha


Clique aqui, aqui, aqui, também pode ser aqui, ou aqui, ou ali ---> aqui mesmo, ou além...

...sim, aqui para um pouco de contextualização.

Podia aproveitar a ocasião para falar um pouco deste tal de Rob Paravonian e do seu stand-up comedy musical, deixar a morada do seu site, podia falar sobre a presença dos clássicos nas produções musicais contemporâneas, podia alargar-me sobre a experiência de tocar violoncelo em criança e carregar um instrumento maior do que eu. Só não me apetece.

* extraído do refrão da música "Let's Push Things Forward" dos The Streets.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Aviso ao leitor

Se está a ler este post é sinal que o seu Google Reader (ou ferramenta de feeds análoga) está a funcionar correctamente.

Obrigado pela colaboração,

o Ego.

domingo, 11 de novembro de 2007

Un Rey con Huevos


Antes disto tinha havido uma Cimeira...but who cares!?...

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Procuro uma relação

Na sexta-feira fui a uma festa.

A última música que tocou nessa festa foi a do Vitinho, aquela do "está na hora da caminha, vamos lá dormir".

Quando a música acabou, dois gajos começaram à porrada.


...procuro uma relação entre estes dois acontecimentos. Tem de haver uma.


sexta-feira, 2 de novembro de 2007

O engate perfeito*

Parece que este funciona.

Diz ele - Sabes porque tens os lábios finos?

[admitindo que ela responde um "não, porquê?"]

Ele - Porque o resto foi-te para o corpo, ó grossa.

* Perfeição nunca pode ser adjectivo de "engate". Ou bem que funciona, ou bem que não...perfeição não se procura no acto de engatar, antes no sujeito engatado. E mesmo esta assunção deve ser posta em causa. Afinal, o objectivo único do engate é ser-se bem sucedido. Plenamente, não perfeitamente.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Inquérito aos católicos sportinguistas:

A quem vai rezar hoje para que o Sporting CP vença o CD Fátima?

terça-feira, 30 de outubro de 2007

A máquina de fazer aprovar nos testes

Algo que sempre me intrigou: a obsessão dos miúdos na escola que imaginavam as mais variadas formas de meter a matéria que era preciso saber para os testes dentro da cabeça. Não deve haver ninguém que não tenha imaginado e desejado possuir a capacidade de adquirir conhecimentos sem o mínimo esforço. Bom, talvez com um mínimo de esforço, aquele que todos fazíamos umas horas antes dos testes para imaginar e projectar tais formas de aprendizagem.

Havia de tudo, das formas tecnologicamente mais evoluídas às mais rudimentares. Havia quem preferisse os processos por osmose, quem delirasse com ondas radioactivas, quem achasse que se ligássemos eléctrodos a determinadas zonas da cabeça tornar-nos-íamos super inteligentes, ou aqueles que apenas gostariam de ser como o computador lá de casa, com uma drive e um disco rígido para gravar a matéria em pastas arrumadas e acessíveis mediante um "c:\>dir". Havia também quem gostasse mais dos métodos dolorosos e macabros, nunca fazendo caso da dor como é óbvio, abrindo cabeças e incrustando lá dentro, mesmo no cérebro, todo o conhecimento necessário para ter boa nota no teste. Nessa altura não havia lugar para as espiritualidades, isso é coisa lá mais para a adolescência, quando a libido espoleta. Talvez um ou outro fizesse uma chamada de energia, mas éramos unânimes em reconhecer a eficácia dos métodos tecnológicos, quer fossem dolorosos e mais a puxar à idade média, quer tivessem influências da tecnologia dos anos 80, ou do que eram os desenhos animados nessa década.

Recentemente questionei-me sobre como seriam os métodos imaginados pelos putos de outrora, os nascidos nos 60s, nos 40s...antes de se conhecerem as micro-ondas ou a radioactividade, o PC e os circuitos eléctricos, por exemplo. Terá havido uma época em que abrir cabeças era o único exercício imaginativo disponível?

Desde logo percebi que a imaginação dos chavalos era condicionada pela tecnologia conhecida em cada época e acessível à interpretação de um puto. Então, indaguei-me, como seria a imaginação das criancinhas antes da revolução industrial? E da invenção da fiadeira mecânica, do motor a vapor, ou da imprensa que possibilitava imaginarmos um monte de papéis com toda a informação escrita dentro das nossas cabeças?

Depois de tanto recuar no tempo, percebi que nessa época as crianças não iam à escola...


sábado, 27 de outubro de 2007

O lado sensível do poder

A vinda de Vladimir Putin aqui ao rectângulo provocou o alarido normal destes acontecimentos. Pouco se falou de outras coisas nos jornais estes dias, com tanta minúcia. A preocupação com a segurança de "um dos homens mais poderosos do planeta", como a imprensa persistentemente o pinta, moveu milhares, de pessoas e bens, e teve amplo destaque mediático.

O que ninguém esperava era que este peso pesado, este homem feito austero, dos mais poderosos do mundo, que come caviar ao pequeno-almoço, cinturão negro em judo e ex-KGB pedisse aos anfitriões para ir ver o Oceanário de Lisboa.

Mas quem é que não se lembrou disto? O Eusébio e a Amália ficaram de fora do protocolo?! Valeu a sensibilidade deste homem rijo, que ao que se soube gostou muito das versões lontra destes símbolos nacionais e ainda da garoupa.

E quem não se derrete a ver o Eusébio e a Amália...se os houver que vão p'rá Putin que os adestrou.

O lado sensível dos homens duros e poderosos é sempre motivo de chacota entre os homens normais. Entre as mulheres, normalmente dá azo a contorções e alguns "ooooh" que só os animais de estimação lhes costumam provocar.

A história enche-se de exemplos destes, daí o meu espanto por não se ter incluído inicialmente no programa a visita ao Oceanário. Fez-me lembrar o general Stilwell no filme 1941 - ano louco em Hollywood, do Spielberg. Um general tem tanto direito a comover-se com o Dumbo como qualquer outra pessoa. Mas a mim, isso faz-me rir...


Digam lá que não são queridos, e fofinhos...

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Constatação III

Não me lembro do último dia que passei sem ligar o computador ou ir à internet.

Entretanto também já me esqueci da última vez que pensei que isso era mau sinal.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Passado, presente e futuro

domingo, 21 de outubro de 2007

Salsa segundo Johnny Vazquez

Na sexta-feira viu-se isto em Lisboa...


...durante o VI Congresso Mundial de Salsa em Portugal que decorreu este fim-de-semana na Cidade Universitária. A qualidade do vídeo é péssima, o que é pena dada a velocidade de execução destes cromos. Mas dá para ter uma ideia do que foi este espectáculo, sendo que esta foi a apresentação de que mais gostei. Apesar de começar com alguns segundos de atraso, percebe-se a história: Johnny Vazquez faz de apresentador e árbitro num suposto combate de kickboxing.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Começa hoje

Começa hoje o doclisboa, podem ver o programa aqui, que segundo a organização é o melhor de sempre. Também o número de salas aumentou este ano, juntando o Londres e o São Jorge à Culturgest de sempre.

O meu conselho: não vão, a sério. Têm estado uns dias óptimos de praia. Parem de esgotar as salas e de me obrigar a comprar bilhetes com dias de antecedência. Não me apetece fazer planos para lá das 24 horas, custa-me decidir que filmes ir ver até faltarem poucos minutos para começar. A pechincha que custam os bilhetes ajuda, eu sei, mas vão antes ver os filmes à vídeoteca do festival, na Culturgest, que essa então é mesmo de graça e tem uns LCDs para visionamento individual, estão a ver? Uma sala de cinema de 15'' só para vocês! Para quê acotovelarmo-nos todos naqueles espaços exíguos e escuros, ouvir os outros tossir, espirrar, gargalhar, etc. Não vale a pena, a sério.


quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Let's call the whole thing off...

...and let's skate dance!



Os créditos: a música foi escrita por George Gershwin e a letra por Ira Gershwin para o filme Shall We Dance (1937). Coreografia de Hermes Pan e Harry Losee, com Ginger Rogers e Fred Astaire.

Por mais que dê voltas, não sei que título pôr a isto...

Hoje, uma espécie de espelho falou comigo. Não para me segredar qual o alvo da minha inveja. Não porque o tenha questionado sobre isso...ou não estivesse eu a escrever do centro do ego e não do egocentrismo. Este "espelho", assim ouso chamar-lhe, não reflecte o que desejo ouvir, mas apenas um pouco do que sou, Crisma da minha identidade (ou parte dela).
Se me custa vestir a capa do antropólogo é porque não me sinto autorizado a fazê-lo, primeiro porque me faltam uns míseros três meses para ter o canudo e, segundo, mais importante, porque olhando para a academia lá não me encontro senão sentado a ouvir, a reter. Por isso bendita a hora em que a sociedade primitiva me deu uma achega. Vamos, não foi nada que eu não soubesse, mas desta feita dito por outrem, simultaneamente o outro, que não o ego, e o par, antropólogo. É sempre bom reconhecermo-nos nas palavras dos outros quando nos dizem respeito, sentimo-nos compreendidos e isso refaz-nos, embala-nos para um eterno retorno.
Confirmei então o que já não me negava quando confidenciando de mim para mim. Esta "capa" do antropólogo deixou de se distinguir de qualquer outra dentre as que se foram acumulando e imbricando na minha pele. Hoje sou um produto da academia, para o bem e para o mal, um produto. Mas ao contrário de Édipo não me sinto capaz, ainda, de fecundar na própria semente que me germinou. Ao contrário dele, se o vier a fazer, espero que seja em conformidade com os meus pais, não contra eles, e acima de tudo consciente de que o estou a fazer. Até lá, limito-me a aplicar conceitos e práticas, modos de pensar e de agir, em tudo quanto me sinto apto a fazê-lo. Um desses casos é o blogue Bicicleta na Cidade, para o qual a sociedade primitiva teve algo a dizer. Sem mais me deter, aqui fica a razão deste post...

As hiperligações IV - Utilizar a Bicicleta na Cidade


…o nosso heroi!

Porquê um blog sobre a utilização da bicicleta na cidade nas nossas hiperligações? Porque, por um lado, nos obriga a pensar o processo civilizacional e porque, por outro, levanta a questão de uma antropologia com causas.

Vamos por partes. O processo civilizacional é ambíguo.

Por um lado pode ser entendido como processo de emancipação - emancipação face ao poder superior da Natureza (através do controlo de pestes na agricultura, de toda a biologia, da genética…), face ao sofrimento físico e à morte (de toda a medicina…), face à inadequação das regras sociais (do fim da escravatura…). Cada exemplo dado não se integra em absoluto na tripartição e interpenetra-se nas outras categorias (é assim o real - foge a toda a tentativa de classificação), p.ex. há factores éticos (sócio-culturais) que obstam ao progresso ad eternum da genética ou, a medicina também é uma tentativa de controlar a Natureza e por aí fora… De qualquer forma, o processo civilizacional, idealmente, é a intenção da humanidade de se conduzir a si própria no sentido da racionalização de todas as relações tensionais e na aniquilação do sofrimento produzido por essas tensões (vemos já que também a sociedade primitiva não está alheada desse mesmo processo). Mas o processo é ambíguo porquê? Porque, por um lado, esse esforço de racionalização não consegue prever todos os problemas de uma assentada (é o problema do lençol demasiado curto), por outro, e de maneira angustiante, cria problemas que não foram previstos (é o problema da Natureza inconquistável - o aquecimento global, as vacas loucas, e por aí adiante…). O processo é ambíguo também porque, na realidade, essa racionalização nunca é, nem nunca será, absoluta, porque simplesmente não somos nem nunca seremos seres absolutamente racionais.

Dito isto voltamos então à causa da bicicleta que nos servirá de exemplo para explicitar este último ponto - a razão irracional da falência da absoluta racionalidade.

O carro e a cidade. São, sem dúvida, vistos isoladamente, dois grandes avanços civilizacionais. Sabemos hoje (racionalmente) que por motivos de densidade a junção destes dois avanços é problemático. Muito tem vindo a ser dito sobre isto e não me vou alongar na problemática da mobilidade na cidade. Mas posso falar das razões que obstam à resolução do problema. Tanto quanto a minha visão alcança (porventura distorcida por motivos ideológicos) os obstáculo parecem-me ideologico-simbólicos e dificilmente racionais ou lógicos.

A cidade é sinónimo de individuação, anonimato, heterogenia, multiplicidade de escolhas, proliferação de estímulos, oportunidades, mas também espaço de solidão, de indiferença, de pronunciadas assimetrias sociais e de grande mediatização simbólica. Na cidade (enquanto centro) aprimoram-se os marcadores simbólicos da normalidade e a sua estética. O carro é um desses marcadores (os consumos em geral) e a sua estética é a do indivíduo normal (mais ou menos “normal” conforme o modelo e a “classe” do veículo). E é muito angustiante para alguém saber de si mesmo perante os outros que não é “normal”. Sem me alargar no “como” opera a normalidade nas escolhas “racionais” dos indivíduos (veja-se uma certa e hegemónica, teoria económica), digo apenas que a norma (e a sua estética) é o principal obstáculo à resolução do problema cidade/carro. O carro não é só um veículo, ele é também uma extensão do self (nada de novo: qualquer publicidade automóvel nos mostra isso e quando é dirigida aos homens, na imagética, o carro é quase sempre instrumento da predação sexual). Nada a que ninguém seja alheio, nem os utilizadores de bicicletas o são. O problema é que a densidade de carros cheira mal, entope as ruas, polui e retira mobilidade.

Quanto às razões para a alternativa “bicicleta”, enquanto utilizador, nem penso muito nelas. Para mim são óbvias. E são óbvias para qualquer utilizador de bicicleta. Posso tentar enumerar-las, embora saiba que nunca convencerei ninguém a deixar o carro em casa e a passar a ir para o emprego de bicicleta, apesar de saber, por experiência, que as vantagens são contundentes, a saber: a vantagem económica; a vantagem para a saúde e; a vantagem ambiental. Tudo razões muito “racionais”. O problema é que nós não somos racionais (ciclistas inclusos). O problema tem de ser atacado “onde doi mais” - na estética e na “razão” ideológica. Nesse sentido a ideia de “bicicleta” arrasta consigo as ideias: liberdade; mobilidade; independência; vigor físico; agilidade e transpiração livre de toxinas (não cheira mal e as mulheres adoram). Tudo valores de uma sociedade primitiva.

Chegados então que estamos ao nosso objecto - o blog Utilizar a Bicicleta na Cidade. Trata-se de um blog de utilizador para utilizadores. Não tenta convencer directamente ninguém. E é um grande passo civilizacional. Se já está convencido, está lá o que é preciso saber. Se não, veja a categoria Bicicleta dell’Arte. O blog fala por si, o seu autor nunca deixou de ser primitivo.

Referências: Sigmund FREUD: O Mal-Estar na Civilização; Edgar MORIN: O Paradigma Perdido.

Sobre a polémica e só para começar, ver também: Odemiragem (e obrigado pela inspiração)