Acabo de ler O meu compromisso de Helena Roseta às eleições intercalares para a Câmara de Lisboa.
De uma forma geral, pareceu-me bom e de longe (de longe!!) mais interessante que qualquer programa das candidaturas às eleições de 2005. Mas isso é o lado bom de qualquer crise - a oportunidade de fazer renascer algo e a vontade geral, renovada, de o levar a cabo.
À parte das questões politico-partidárias que ela aborda e das suas opções para a gestão camarária, todas elas interessantes (e não teço mais elogios porque não me sinto informado para tal, podem não passar de palavras ou conceitos vazios quando postos em prática), o que me chamou mais a atenção foram os pontos que a seguir cito:
De uma forma geral, pareceu-me bom e de longe (de longe!!) mais interessante que qualquer programa das candidaturas às eleições de 2005. Mas isso é o lado bom de qualquer crise - a oportunidade de fazer renascer algo e a vontade geral, renovada, de o levar a cabo.
À parte das questões politico-partidárias que ela aborda e das suas opções para a gestão camarária, todas elas interessantes (e não teço mais elogios porque não me sinto informado para tal, podem não passar de palavras ou conceitos vazios quando postos em prática), o que me chamou mais a atenção foram os pontos que a seguir cito:
- O conceito de "acupunctura urbana" - Mais do que grandes projectos, Lisboa precisa de intervenções cirúrgicas que permitam curar as feridas da cidade e reconciliar os cidadãos com a beleza e o encanto mágico da capital. É o que chamamos “acupunctura urbana”, que não exige grandes meios mas sim conhecer bem os pontos nevrálgicos e actuar com precisão.
- A referência a Jane Jacobs (ok, ela é arquitecta não deve ter sido difícil...) - O melhor meio de garantir a segurança é combater a solidão, em especial a dos idosos, e a desertificação de zonas inteiras da cidade, criando condições para que possam ser restauradas as relações de vizinhança. A comunidade vive mais segura “quando há olhos de sobra na rua”, como escreveu Jane Jacobs, grande referência em matéria de morte e vida das cidades.
- O "direito ao passeio" - Queremos restaurar um direito tão simples como o direito ao passeio e o lugar dos peões nas estratégias de acessibilidade e mobilidade. A cidade tem de voltar a ser para as pessoas, não apenas para os automóveis.
Sobre este último ponto, que me interessa em particular, deixo agora um exemplo do que Helena Roseta terá que fazer, se for eleita. Nas fotos abaixo vemos o passeio numa zona da Av. Fontes Pereira de Melo que foi arranjada depois das obras do túnel do Marquês, ou seja, uma obra acabada de inaugurar!
Roseta quer que a cidade volte a ser para as pessoas e não apenas para os carros. Pergunto-me: e o que quererão as pessoas? E os média? Digo isto porque antes, durante, e depois da inauguração do túnel do Marquês falou-se muito da segurança dentro do túnel, rodoviária claro está. Não ouvi uma palavra sobre a segurança dos pedestres.
O resultado parece estar à vista. Não falo de nenhum acidente que tenha envolvido algum peão e esta boca de incêndio, pelo contrário, refiro-me à "normalidade" com que lidamos com estas aberrações no dia-a-dia. A segunda foto ilustra bem isso: duas pessoas conversam lado a lado enquanto descem pelo passeio. Terão visto o objecto mas só ao ponto de o evitar, talvez o achem "natural" ou "inevitável" uma vez que zela pela nossa "segurança" (faria o mesmo se estivesse encostado a uma das extremidades do passeio).
Não sei o que é pior, se saber que existe um igual uns metros acima no mesmo passeio ou saber que se trata de uma obra recém-inaugurada (ainda que o passeio fosse um apêndice da grande obra). Não sei. Mas para a Helena Roseta esta é uma oportunidade para pôr em prática a sua "acupunctura urbana". Se for eleita, claro.
Roseta quer que a cidade volte a ser para as pessoas e não apenas para os carros. Pergunto-me: e o que quererão as pessoas? E os média? Digo isto porque antes, durante, e depois da inauguração do túnel do Marquês falou-se muito da segurança dentro do túnel, rodoviária claro está. Não ouvi uma palavra sobre a segurança dos pedestres.
O resultado parece estar à vista. Não falo de nenhum acidente que tenha envolvido algum peão e esta boca de incêndio, pelo contrário, refiro-me à "normalidade" com que lidamos com estas aberrações no dia-a-dia. A segunda foto ilustra bem isso: duas pessoas conversam lado a lado enquanto descem pelo passeio. Terão visto o objecto mas só ao ponto de o evitar, talvez o achem "natural" ou "inevitável" uma vez que zela pela nossa "segurança" (faria o mesmo se estivesse encostado a uma das extremidades do passeio).
Não sei o que é pior, se saber que existe um igual uns metros acima no mesmo passeio ou saber que se trata de uma obra recém-inaugurada (ainda que o passeio fosse um apêndice da grande obra). Não sei. Mas para a Helena Roseta esta é uma oportunidade para pôr em prática a sua "acupunctura urbana". Se for eleita, claro.
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